sábado, 28 de julho de 2012

Days of Future Past Movie


 Em 1981, o escritor Chris Claremont e o escritor e desenhista John Byrne criaram o arco de histórias chamado Dias de um Futuro Esquecido (Days of Future Past) para a revista Uncanny X-Men, numeros 141 e 142.  Publicada pela Marvel Comics naquele ano, a saga só veio a chegar ao Brasil em 1986, pela Editora Abril nas edições 45 e 46 de Superaventuras Marvel

A história em questão tornou-se um “cult” entre os brasileiros pelo fato de poucas pessoas acompanharem a revista, cujo o carro chefe eram as histórias do Demolidor, durante a fase de Frank Miller.  Mesmo assim, Dias de um Futuro Esquecido marcou sua presença no rol das melhores histórias escritas em quadrinhos por pelo menos 2 pontos: Primeiro - Mostrou uma versão de um futuro negro para os heróis dos quadrinhos (que até então eram otimistas e invencíveis) onde os heróis perdem e morrem. Segundo – direcionou novamente as histórias em quadrinhos para o viés da ficção científica como originalmente foram concebidas nas décadas de 40 e 60. Mas existe um terceiro ponto que não é positivo: a criação do “precedente”.

Segundo The Official Handbook to the Marvel Universe: Alternate Universes 2005, o mundo onde se passa "Days of Future Past" é chamado de Terra-811 (o Universo Marvel Oficial é convencionalmente chamada de Terra 616 do Multiverso). Ou seja, a saga deixou de ser uma “realidade alternativa” para ser uma “terra paralela”. Agora os heróis podem voltar para esse “futuro esquecido” sempre que quiserem. Além de ser “inapagável” ele agora é também rota turística do multiverso.
Mas qual a diferença de agora pra antes? Antes não podia e agora pode? Antes não era “quanticamente” coerente se voltar para um momento no tempo que deixou de existir. Mas ao virar Terra paralela, a coisa muda de figura.

Ao contrario do que a maioria realmente acredita, Terras Paralelas e Realidades Alternativas NÃO são a mesma coisa. Terras Paralelas existem em Universos Paralelos criados no Big-Bang (atual teoria dos Universos Paralelos, onde vários Universos seriam criados no Big-Bang e que ao se expandir voltariam a se chocar criando um novo Big-Bang, e um novo Multiverso).

Na série de tv chamada Fringe, é utilizado o argumento que os Universos estão em planos diferentes, mas que se tangenciam sobrepostos um sobre o outro.  Separados apenas por vibrações, eles poderiam até ocupar o mesmo lugar no espaço, porém NÃO ao mesmo tempo.
Já nas Realidades Alternativas, a história é diferente. São infinitas possibilidades ficcionais que a física e os cientistas não consideram materialmente “reais”.

  A Realidade Alternativa é uma especulação histórica de como a história humana seria se as pessoas tivessem tomado ações diferentes. São concepções mais voltadas para a literatura fantástica do que para a teoria relativista da física.

Explicado isso então, agora se percebe como uma mudança de concepção de Days of Future Past modifica totalmente o caráter de status de uma história de ficção. Ela deixa de ser uma possibilidade teórica causada pela suposta mudança na atitude humana (realidade alternativa) para ser uma probabilidade física real, baseada na existência de outros universos (Terras Paralelas).
 Os temas: viagem no tempo, realidade alternativa e Terras paralelas são muito comuns nas HQs desde a década de 50 e 60. Gardner Fox, o criador da Liga da Justiça foi quem mais utilizou o tema criando a Terra1 e Terra-2 no Universo DC. A partir daí os roteiristas foram criando cada vez mais Terras, para comportar os heróis que a DC adquiria com falência e processos de editoras concorrentes.
Já na Marvel, o tema era apenas usual. Como uma “provocação”  à Liga da Justiça, Roy Thomas criou o Esquadão Supremo, que depois foi re-inventado por Mark Gruenwald como um Universo Paralelo visitado pelos Vingadores, durante os anos 70.

 Entretanto, a Marvel sempre gostou mesmo foi de abusar das Realidades Alternativas. O titulo “Waht If” (O Que Aconteceria Se...) no decorrer das décadas teve pelo menos 2 volumes e chegou à marca de 114 números. O titulo abordou, na maioria das vezes, tempos presentes e passados alternativos. Os futuros alternativos geralmente eram concentrados nas histórias da linha oficial dos heróis. Principalmente nos títulos dos heróis mutantes, conhecidos pela quantidade de personagens foragidos de seu tempo real. Daí, tínhamos futuros esquecidos de Rachel Summers, de Bishop, de Cable, de Bastion, e etc.
O tema de mudar o futuro viajando para o passado foi utilizado em várias mídias, mas a principal foi o cinema. Filmes como Nimitiz volta ao Inferno (1980), Exterminador do Futuro (1984), Experimento Philadelphia (1984), são apenas alguns que consegui lembrar.

Foi divulgado recentemente que a seqüência de X-Men: First Class será intitulada Days of Future Past. Mas o próprio First Class do Cinema não tem nada de parecido com o original X-men: First Class HQ. Fica a dúvida se a Fox utilizará apenas o nome pra criar algo totalmente diferente. Se o roteiro abordará o tema da viagem no tempo para mudar o futuro e utilizará novos personagens. Se o futuro esquecido será algo novo, mas parecido com os que já foram apresentados nos quadrinhos, ou se será um futuro com ligação ao filmes anteriores, mudando o rumo da franquia.

São tantas possibilidades que só mesmo vasculhando cada realidade alternativa...

Marc Gadelha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário